Bons novos tempos

Redneck Rampage

Os bons velhos tempos dos videojogos acabaram de se casar com os bons novos tempos da Internet e o resultado é o futuro.

Good Old Games é um site de venda de videojogos online (por download) que se distingue do resto porque os seus criadores se aperceberam de algo que já ando a apregoar há meia dúzia de anos: mais importante do que conseguir combater a pirataria é conseguir COMPETIR com a pirataria.

Porquê? Porque a história ensina-nos que ela sempre existirá – independentemente das voltas que se dê – ou não fosse essa exactamente a essência da Pirataria – contornar os trâmites legais.

A paranóia de colocar um ponto final à dita vilanagem, tem invariavelmente resultado em dissabores para os utilizadores que COMPRAM as obras: CDs de música que só tocam em alguns leitores, jogos com sistemas de protecção anti-copia minados de Spyware e recentemente… Spore.

Este aguardado videojogo da Electronic Arts pode muito bem ser revolucionário no sentido em que pode ser o primeiro passo para a criação da Língua dos videojogos (uma linguagem só deles, sem tentar ser um clone feio do cinema, ou de outra forma de arte anterior ao advento do pixel), mas é também o videojogo mais pirateado de sempre.

Sim, é expectável que um jogo tão aguardado como este seja amplamente partilhado ilegalmente via Internet, mas o facto de vir equipado com um sistema anti-pirataria que chega a INIBIR DE JOGAR QUEM COMPROU A PORCARIA DO JOGO ajudou – e bem – à festa.

Ah bom…

A malta do site supra referido, o Good Old Games (GOG.com), é mais esperta. Têm para venda, via download,clássicos dos videojogos totalmente livres de sistemas anti-pirataria e actualizados para correrem sem problemas em Windos XP e Vista. E o melhor é que os jogos custam apenas 6 ou 10 euros. E podem ser descarregados as vezes que se quiser e instalados num número ilimitado de PCs.

Vantagens em relação à pirataria:

É legal (e barato): não se é multado pela ASAE e está-se a pagar a quem trabalhou para fazer o jogo.

Funciona de certeza nos sistemas operativos actuais: a maior parte dos jogos para venda no GOG.com ou não corre em XP/Vista, ou obriga a tirar um curso de informática para meter os dito cujos a funcionar.

COMPETIR com a pirataria: é assim que se COMBATE a pirataria. Fechar os olhos e fingir que ela não existe, ou criar medidas progressivamente mais repressivas – que apenas castram a criatividae dos artistas e penalizam quem compra – é coisa de velho do Restelo. Acho que alguem ainda não percebeu que o Cabo da Tormenta já se chama Boa Esperança ha muito, muito tempo…

Podem rir ler mais sobre este assunto no blog dos nossos amigos “ramboiadores aos pacotes” aqui e aqui. E já que cá estamos, porque não aqui?

Qual a vossa opinião sobre tudo isto?

5 opiniões sobre “Bons novos tempos

  1. “Ramboiadores aos pacotes” xD

    Há quem chame vibrador empacotado e coisas parecidas, mas essa é exclusica! 😛

    De facto, o que realmente interessa é mesmo isso: competir. Não podia estar mais de acordo. Já tive esta discussão no Rumble: combater a pirataria com DRM agressivo como este só acaba por afectar o próprio jogo. Quando devia reduzir a pirataria acabou por dar um tiro no pé e fazer precisamente o contrário… A 2k Games, por exemplo, já retirou por completo o DRM do Bioshock:

    http://kotaku.com/5018151/bioshock-pcs-drm-gone

    E entretanto a EA Games também já aumentou o número de instalações para 5.

    lol @ último link

    Abraço.

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  2. Mas engano-me ao dizer que vocês não só se fartam de ramboiar, como o fazem em grupos de pelo menos 3 (mais de dois é uma reunião, segundo a PIDE)? hehe

    Sim, parece que finalmente se está a acordar para a situação, infelizmente aprenderam the hard way.
    Entretanto encontrei mais gente a defender esta posição: o pessoal da CD Projekt Red, que fez o The Witcher.

    http://www.gamesindustry.biz/articles/cd-projekt-publishers-scared-to-go-drm-free

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  3. O que eu acho… Bem, raramente me coloco em apenas um lado de uma questão. Como disseste, a pirataria sempre existirá. Não me vou debruçar sobre os supostos malefícios que traz à indústria. Se uma parte de mim concorda que há prejuízos relacionados com a pirataria e que os estúdios devem tentar preservar as suas obras, outra parte de mim também tem que agradecer à difusão de jogos antigos e actualmente indisponíveis que só os pude jogar graças à pirataria e grupos de tradução (em particular de jogos para consolas antigas).

    Em relação ao Spore, lembro-me da tempestade que surgiu aquando a notícia do DRM draconiano em vigor. Mas duas coisas me saltaram imediatamente à vista. Uma foi que, apesar das três instalações imediatas serem bastante redutoras, há que considerar que em muitos casos, quem é que realmente vai instalar o jogo mais que três vezes no futuro próximo? Uma das razões para isso é que o DRM considera qualquer alteração ao hardware como uma instalação nova; aparentemene, algo tão simples como adicionar mais RAM a um computador faz com que o sistema julgue que está instalado num sistema diferente, o que “queima” uma instalação. Isto é problemático, mas não consigo deixar de pensar em todos os jogdores que dizem muitas vezes não comprar um título graficamente exigente até fazerem um upgrade ao seu computador – então, porque seria isto diferente com o Spore? Supostamente, uma boa quantidade de jogadores não joga STALKER – Clear Sky até comprarem novas placas gráficas ou mais RAM. Mas quando é com o Spore, gritam mundos e fundos.

    Apesar de, mais uma vez, considerar a restrição draconiana, penso que as críticas foram bastante exageradas. Podemos discursar sobre como é um atentado aos direitos do consumidor. Concordo que tais direitos estão a ser invalidados, mas estamos também a falar de jogadores com uma ideia estranha de “direitos”. A EA acabou de anunciar que vai permitir a instalação em até cinco computadores diferentes e supostamente, para um número ilimitado de utilizadores – e ainda há quem não esteja satisfeito.

    Caso disso foram as ‘reviews’ deixadas na Amazon.com e .uk. Um golpe encenado por um grupo de “jogadores” que se julgam no direito de influenciar artificialmente a pontuação do jogo em vez de, sei lá, levantarem-se das cadeiras e organizarem movimentos de consciencialização à porta de superfícies comerciais. O que eles conseguiram ao manipular as pontuações na Amazon foi levar os consumidores casuais, que na sua maioria apenas se baseia na pontuação, pensassem que a Maxis desenvolveu um mau jogo. Muitas das ‘reviews’ de uma só estrela nem sequer tocam no jogo – apenas criticam o DRM. E a meu ver isso é algo abominável e talvez tão condenável quanto o próprio DRM retrógado.

    A segunda coisa que me ocorre é… Bem, já o disseste no post. Sistemas como o Good Old Games partem do lado certo da questão – os consumidores legais não devem ser punidos pelas acções dos ilegais, especialmente quando os últimos nunca são punidos – para eles, os lançamentos mais aguardados estão disponíveis desde a hora zero, e isentos de DRM.

    É preciso repensar muitas das estratégias de distribuição de videojogos. A EA tem feito um trabalho admirável para limpar a sua reputação depois de alguns erros no passado, e toda esta história do DRM está a colocar essa luta em risco. Mas também acho que, por vezes, muitos jogadores simplesmente fazem exigências pouco razoáveis e praticam um certo nível de terrorismo cujas intenções são egoístas, longe de serem em prol das comunidades.

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  4. Sem duvida que existem abusos dos dois lados – dos que querem piratear e dos que querem proteger os direitos de autor. Mas se se oferecer às pessoas soluções justas para ambos os lados, a sociedade auto-regulariza-se. 🙂

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  5. O verdadeiro objectivo do sistema de DRM da EA não combater a pirataria. O objectivo é combate o mercado de jogos usados e forçar os jogadores a comprar (leia-se “alugar”) novas cópias.
    é tão simples quanto isto.

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